sábado, 25 de fevereiro de 2012

SERÁ QUE FICAM OS DEDOS?

SE O NOSSO PAÍS se encontrasse apenas com toda a atenção assente no seu dia-a-dia, sem problemas extraordinários que o distraíssem do que é comum, seria natural que situações mais raras e distantes das que são realmente importantes para que os portugueses não se sentissem perseguidos por azares, fossem essas as que constituíssem notícias que atrairiam a atenção que dominasse o ambiente dos normais habitantes de Portugal. Para me fazer mais explícito, quero dizer que andamos agora a explorar situações e notícias a que, numa vida regular, não prestaríamos a menor atenção.
Dou alguns exemplos: o tema denominado Casa Pia, que ocupou o seguimento atento, ao longo de cerca de 13 anos, dos noticiários vindos nos diversos elementos de comunicação, não mereceria seguramente a participação tão intempestiva da opinião pública se não constituísse uma matéria que envolveu figuras públicas que, naturalmente, ocasionam posicionamentos dos contra e a favor que podem distrair os sentimentos dos que precisam de deixar de pensar, nem que fosse por alguns minutos, da grave situação económica e financeira em que nos encontramos.
Assim, a decisão agora tomada de rectificar as penas que tinham sido aplicadas, em Setembro de 2010, aos considerados condenados que, tempo antes, ao terem conhecimento do acórdão do Tribunal, o que deu azo a que os respectivos advogados desses tidos como implicados nos actos de proxenetismo, tivessem recorrido das penas aplicadas, o que os conservou em liberdade até terem dado entrada no Tribunal da Relação que, nesta altura, deu conhecimento da sua decisão final (até agora), com pequenas alterações às penas que tinham sido aplicadas antes e considerando necessário efectuar novo julgamento de situações que suscitam dúvidas.
Vamos esperar para ver quanto tempo ainda terá de decorrer até que o assunto fique solucionado e eu, como é evidente, não tomo posição em relação a ser justo ou não castigar os acusados de terem abusado sexualmente de crianças alunos da Casa Pia.
Outro caso, também de tribunal, que esta semana saiu a lume e que constitui também uma demorada situação que tardou 14 anos até o tribunal decidir se existem culpados e que pena se lhes deveria aplicar. Trata-se do desaparecimento de um rapaz que, se aparecesse a gora, teria à volta de 20 anos, de nome Rui Pedro, e em que se apuraram os passos que deu e com quem, mas que não se conseguiu descortinar se morreu ou se, ainda vivo, se encontrará em algum lado. Os pais e familiares é que bem choram com a falta de resolução do problema, pois como o corpo não existe e não se sabe qual o caminho que terá levado, conhecendo-se algumas voltas que terão ocorrido até ao último momento em que o Rui foi visto, por sinal na companhia de um vizinho mais velho e de uma prostituta a quem ele foi entregue, para iniciar-se na aventura sexual, segundo parece, com todos estes elementos quer as forças policiais quer o próprio tribunal não apuraram o mínimo que fosse que retirasse à angustiada família as enormes dúvidas com que vive. Isto é uma amostra, entre tantas, de como funciona a nossa Justiça, desde que a polícia faz as suas averiguações e até ao momento em que são os juízes que poderão tranquilizar os que recorrem aos seus serviços.
O que parece que dá tranquilidade aos portugueses é o que ocorreu ao tão valioso profissional da voz, o antigos locutor, elemento ligado ao teatro e grande criador de programas radiofónicos que deliciaram as gentes que, tempo atrás, eram, fieis seguidores da sua actividade, pois quem, com 94 anos de idade, nos deixou de vez, Igrejas Caeiro de seu nome, já não tem que se preocupar com todas as anomalias que perseguem os portugueses e de que não está à vista a solução que conforte minimamente os habitantes do nosso País.
E, ao mesmo tempo que ocorrem as decisões que, por indicação da Troyka ou não, vão afogando cada vez mais o nosso Zé Povinho, assiste-se à renúncia da posse de valores que fizeram parte do nosso património, vendendo-se o que tem ainda algum valor e que possa diminuir a ausência de meios financeiros que o Estado necessita como pão para a boca e que, ainda por cima tratando-se de fundos oriundos do estrangeiro, substituem os empréstimos que esses há que pagar mais tarde e já não se sabe se algum dia o faremos. Trata-se, neste caso, da venda a uma empresa com capital angolano, da antiga produtora de filmes e que é bem conhecida pelo nome de Tobis Portuguesa.
Para animar ainda mais o panorama, a RTP prepara-se para se entregar em mãos que lhe proporcionarão a actividade e, enquanto isso não se verifica, vão ser encerradas algumas delegações, como as de Viseu, Guarda, Vila Real e Viana do Castelo, com as respectivas dispensas de pessoal que isso acarreta. È, pois, com estas medidas de abaixamento dos custos, que se vai tentando compor uma situação que só aponta para o emagrecimento de muitas actividades que têm feito parte da nossa posição como País integrado nos meios modernos de actividade. A TAP e a ANA estão já em sentido para marcharem para a posse de quem queira tomar conta de mais estes dois valores que, com o mesmo nome ou mudando de feição, saem do nosso domínio.
Que vão todos os anéis… mas que fiquem os dedos, desde que esses se disponham a trabalhar bem, que não é preciso ser mais tempo, se não se souber utilizá-lo convenientemente.

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