sábado, 4 de fevereiro de 2012

DESERTIFICAÇÃO RURAL

ACABO DE VER NA RTP 1 uma reportagem feita em Chaves em que se vêem muitos terrenos agrícolas que se encontram abandonados, assim como aldeias naquela mesma zona onde os moradores deixaram de ser uma boa porção para se verificar agora que existem muitas casas vazias. É um desconsolo.
Sobre este tema, já estou cansado de o referir nos meus escritos públicos, e não entendo como é possível que, da parte dos governantes que temos nesta altura – por que os de antes já se sabia que eram todos muito “sabões” e por isso não ligavam patavina ao que os cidadãos pudessem reclamar -, não se verifique também o mínimo de atenção que dê mostras de que, com tanta democracia apregoada, alguém apareça a comentar, pelo menos isso, o que é apresentado como possível solução para os dois importantes motivos que interferem na falta de produção e na baixa do desemprego.
Em Conselho de Ministros estas duas situações deveriam ser debatidas à exaustão, dando mostras ao País de que não se verifica indiferença no núcleo de personalidades que ali se encontram exclusivamente para levar a cabo a resolução dos problemas mais gravosos que tantos sacrifícios causam aos portugueses. Não acredito que os mandatários dos “inquisidores” que ordenam os ataques aos bolsos dos lusitanos não tenham um mínimo de actuação própria que sirva para dar alguma confiança a todos nós que aqui nos mantemos a aguardar que o tal “milagre” apareça e isso enquanto por cá se  conservam os que não têm possibilidades de procurar fora de portas uma continuação das suas vidas.
Para mais, constando já que o número de desempregados no nosso País já atingiu os 800 mil, sendo que neste volume se encontram jovens, muitos deles acabados de sair das faculdades, bem como antigos empregados que ficaram sem emprego de um dia para o outro, devido às empresas onde actuavam terem encerrado as suas portas, por falências e outras razões e, os piores de todos, aqueles que atingiram a casa dos quarenta e mais anos e que, em vista disso, não cativam o interesse de eventuais empregadores. Tudo isso representa um caos que, após já os meses suficientes para o actual Executivo ter dado mostras de que estará a empenhar-se em encontrar resposta prática para tão grave status, pois é isso tudo que me levanta a pergunta se alguém daquelas forças estará atento ao que surge, não só no meu blogue mas seguramente de outras origens, por forma a serem experimentadas maneiras que saiam do marasmo em que se encontra um Governo que só atende a pedidos de mais dinheiro emprestado e que, por seu lado, apenas aperta cada vez a torneira de onde já não sai muito líquido que anime minimamente a população.
Por isso, para que não digam que lhes passou despercebido o que consistiu a minha ideia, que nem sequer é inédita, pois foi o que fez Israel, logo quando nasceu como Nação, que recebeu milhares de cidadãos judeus que chegavam diariamente dos mais recônditos lugares do mundo, especialmente de países de Leste, e que, sendo a maioria gente com alta classificação escolar e profissional, bem longe da actividade agrícola, nas terras de que o País dispunha e que, parece impossível, nem sequer eram apropriadas para a agricultura, posto que se tratavam de areias do deserto, mas que foram distribuídas nos chamados “kibbutz”, onde se instalaram num autêntico regime de igualdade entre todos, que tinham os refeitórios para servirem sem distinção e com as ferramentas e os precisos ensinamentos que lhes foram prestados pelo organismo estatal que se colocou no terreno para acompanhar os novos “agricultores” (a própria água escassa obrigou a que criassem a rega gota-a-gota), com tudo isso, passados tempos, o País atacado por todos os vizinhos por razões de adversidade religiosa e da presença incómoda de novos residentes no território cedido pela Grã Bretanha e que era considerado como Terra Santa, mesmo assim, reagindo até à conhecida “Guerra dos Seis Dias” que venceu com a pouca população militar de que dispunha, apresenta-se hoje como uma concorrente no mercado europeu de uma produção agrícola de que dispões exclusivamente para exportar.
Bem sei que a comparação não é mais apropriada quanto a fazermos o mesmo em Portugal, mas alguma coisa pode servir de ensinamento, ainda por que quando nos falta o pão precisamos do engenho e, com o sentido de improvisação que é muito natural dos portugueses, talvez se possa encher as aldeias vazias e as terras abandonadas com casais que, sem emprego e dispostos a deixar o País a caminho do desconhecido, em terras portuguesas esse ignorado seria apenas a actividade dos casais que estarão dispostos a tudo, desde que lhes seja incutida confiança.
E pronto. Não me venham chamar de sonhador. Eu que vi em Israel, nas várias vezes que ali fui para me convencer da realidade e regressei com essa ideia de ser aplicada a mesma receita nesta ponta ocidental da Europa, mantenho a convicção de que se trata de uma solução aplicável por cá. Basta que se queira.

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