quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

AVENIDA DA LIBERDADE

TANTO TEM APARECIDO NALGUMA IMPRENSA a notícia de que a avenida da Liberdade, de Lisboa, se está a transformar num ponto de passagem que se pode igualar, pela quantidade e qualidade de estabelecimentos de grande qualidade internacional que se estão a instalar naquela paragem, às mais conhecidas vias de Paris, Roma e outras cidades famosas, que eu, que mantive, durante dois anos, uma coluna no “Diário de Notícias” intitulada “Esta Lisboa que eu amo”, e em que me referia particularmente ao que ocorria na nossa capital, entendo que devo, neste meu blogue, fazer um contraponto a tal ideia.
De facto, bem gostaria eu de poder concordar com os elogios de que tenho tomado conhecimento e que põem em igualdade de importância esta nossa avenida com as ruas famosas da capital francesa. Mas, no meu ponto de vista, se bem que as condições arquitectónicas que se verificam ao longo do quilómetro de extensão que se poderia percorrer com total agrado, sobretudo dos visitantes, que sempre descobrem belezas que escapam aos habituais transeuntes, mesmo assim e por nossa própria culpa não se apresenta de molde a poder causar-nos satisfação absoluta.
Com efeito, o número de prédios que ali existem e cujo número tem vindo a aumentar, mostrando triste degradação, até devido ao abandono de obras e sem ocupantes, esse triste espectáculo não permite, como seria desejável, que nos sintamos satisfeitos e, conhecendo o que ocorre nas artérias famosas parisienses e mesmo londrinas, da mesma maneira que em Roma e em Milão, por muito que nos apeteça fazer essa comparação a mesma não tem razão de ocorrer.
De facto, tal como em muitas outras matérias em que a Justiça portuguesa não consegue actuar com celeridade e cumprindo as necessidades que algumas situações exigem, no caso dos atrasos de anos que se verifica em relação a propriedades citadinas que se mantêm com um aspecto desolador e não havendo maneira dos municípios poderem pôr cobro a tamanhos desmazelos (motivados, suponho, também por falta de meios financeiros para dar a volta aos problemas), pelo que se prolongam anos e anos a aguardar que os proprietários passem para outros as obrigações de reconstruir, dado que estão em causa as aparências exteriores das zonas e bairros que, legitimamente, pretendem manter o bom aspecto que não desejam que seja destruído. E impõe-se que sejam criadas as condições jurídicas para que a Câmara Municipal de Lisboa possa pôr fim, com rapidez, a essas situações de prédios aparentemente abandonados, tendo poder para intervir nos casos em que a mudança de propriedade é a única solução viável.
E é isso, precisamente, que ocorre na avenida da Liberdade, pois estando ali instaladas marcas de estabelecimentos de enorme prestígio internacional, outras que mostram interesse em ombrear com as que existem não deviam estar de fora por falta de sítio.
A atitudes deste tipo chamo eu de sensatas, rápidas, mostradoras de bom senso, e grande interesse em melhorar o  aspecto do nosso País, quanto mais não seja no que se refere ao aspecto da nossa capital, que é a marca mais visível que é dada para o exterior.
E como não custa dinheiro ao Estado tomar estes tipos de medidas, sendo igualmente verdade que os compatriotas que sejam proprietários dos imóveis em causa não estarão contra a imagem que se dá para fora, haverá que contar com a sua comparticipação para se caminhar em frente.

Sem comentários:

Enviar um comentário