segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

INSIGNIFICÂNCIAS

NÃO PERDEMOS O COSTUME de ligar excessiva importância a situações que são largamente comentadas em tudo que se encontra dentro do panorama de informação pública – jornais, televisões e, por certo, também os blogues – e a que diz respeito à duvidosa licenciatura em engenharia de José Sócrates, se ela ocorreu de facto ou se foi apenas consumada num golpe proveniente de manobras em que teve larga influência a sua posição política, sobretudo de primeiro-ministro, o que poderá ter contribuído para que a Universidade Independente, que acabou por ficar encerrada devido a falência  e em que, por via do seu ex-reitor, acabou por ser vagamente concretizada, mas sem a convicção que uma outra qualquer faculdade que mereça o alto crédito dos canudos que passe, transmitiria para o exterior. Este é um desses casos.
Seja como for, numa altura em que o então chefe do Governo já se encontra fora de actividade e será a lembrança da sua conduta política que pesará ainda, para uma grande parte de portugueses, no sentido negativo, que se continua a debater o problema da veracidade da sua afirmada licenciatura em engenharia, e dando-se até o facto de José Sócrates se encontrar a viver em Paris, a tentar seguir, diz-se, a licenciatura em filosofia – que não tem nada a ver com a engenharia que se mantém em discussão -, a qual, neste preciso momento e em que Portugal se debate com a adversidade de uma crise que, também constitui motivo de discussões entre socratianos e seus adversários, alguns entendem ser útil perder tempo com esclarecimentos que não servem para nada, pois que do tempo passado e das suas recordações estão os portugueses fartos e não vão servir para solucionar o que nos apoquenta.
Verdade que, no que me diz respeito, sou dos que não crêem que Sócrates tenha cumprido uma carreira escolar de engenharia, mas essa atitude não tem peso suficiente para me distrair do importante, pois que o que interessa é dedicarmos toda a nossa luta no sentido de contribuirmos, cada um com o que tem à sua disposição, no sentido de apoiar ou combater, dentro da sua consciência, os passos que o Governo actual está a seguir. E, por muito que se note alguma má vontade quanto aos escritos que alguma população, de uma forma geral, deposita nestes tipos de desabafo e que são os blogues, sobretudo os que são absolutamente identificados pelos seus autores, defendo o princípio de que, quem expõe publicamente aquilo que considera ser uma participação não merece ser ignorado, especialmente se não toma posições radicais e não se serve apenas de informações tomadas de ouvido. No meu caso, com mais de meio século de profissão jornalística, continuo a usar essa experiência de não me deixar levar pelo que “consta”, só afirmando peremptoriamente quando possuo dados totalmente seguros. Se não, aviso os leitores das dúvidas que me assaltam.
Por exemplo, neste momento a notícia de que a Troyka está em fase de estudo de não aprovar a contabilização do défice orçamental deste ano, e em que os 478 milhões de euros que o Estado recebeu anteriormente das pensões do sector bancário, montante esse que os “fiscais” que se encontram em Portugal a estudar a situação em que nos encontramos tencionam “perdoar”, tal notícia é muito mais importante do que todas as discussões que se levantem sobre a verdade ou não da licenciatura de Sócrates. 
Para além de tudo, o importante é que os portugueses se preocupem com o valor total, avaliado em cerce de seis mil milhões de euros, proveniente da transferência do sector da reforma dos profissionais da banca e que a partir já de 2012, existe a possibilidade de atingir os 600 milhões cada período anual que têm de ser extraídos das contas públicas. Daí também o pedido já ter sido falado à Troyka, em reunião havida no Parlamento à porta fechada e em que, sobretudo o PS, levantou a questão de ser necessário mais tempo de folga para a consolidação da dívida nacional no referido sector.
O que se tem já como certo é que os 12 mil milhões que constam do volume a entrar no nosso País se destinam exclusivamente à banca e para que esta possa responder às necessidades das empresas que necessitam urgentemente de apoio para prestar aquele auxílio de crédito.
Então, a discussão sobre se a formatura em engenharia de José Sócrates é verdadeira ou falsa deverá merecer o tempo que se perde em analisar esse facto? Por mim já dei a minha opinião.

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