terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

MERKEL, UM PERIGO?

ANDA POR AÍ UMA CORRENTE em que, nas versões que se ouvem, a Senhora Merkel é a personagem na Europa que é culpada de todas as situações lastimáveis que ocorrem nos países pertencentes à denominada zona Euro, chegando tal acusação a considerá-la como um novo Hitler de calças (se bem que elas também as use).
Eu, que não sou partidário de acusações sem o mínimo de provas, tenho tomado a maior atenção quer no que a política diz quer aos acontecimentos que vão ocorrendo pelo nosso Continente, como ao conflito que grassa na Grécia e às más notícias que se lêem todos os dias no que se refere aos restantes participantes do grupo dos 27.
Independentemente de me interrogar sobre o relacionamento tão expressivo do senhor Sarkosy, e até à divulgada situação económica e financeira da França, que se encontra já num escalão perto do grupo dos mais deficitários, maiores dúvidas sustento quanto a essa proclamada “crucificação” da mulher que, até por cá, se classifica como sendo a gestora de toda a Europa a que pertencemos e que a sua actuação tem como objectivo afundar o maior número possível de países, para ficar a Alemanha em posição destacável no conjunto de “falidos” que andam de mão estendida a pedir o auxílio para se libertarem da banca rota.
Insisto: considero estas afirmações como desprovidas do mínimo de bom senso, posto que não se entende que, nos tempos correntes, possa repetir-se o que ocasionou a II Guerra Mundial, da invasão (neste caso por via da economia) dos parceiros do grupo que se vão debilitando cada vez mais e que aceitarão, a qualquer preço, o domínio das suas terras por uma classificada potência da Europa.
Não posso seguir esta tese e, em vez de culpar todos aqueles países que têm vindo a comprometer os seus futuros por via de uma má gestão e, tal como sucedeu connosco, não foram capazes de orientar os seus gastos no sentido de não excederem as possibilidades próprias e de formarem grupos de auxílio mútuo (e aqui volto eu a clamar pela criação, em tempo oportuno, de uma união ibérica, em que Portugal e Espanha seguiriam o exemplo do Benelux), para que não tivesse sido apenas a Alemanha e a França a darem mostras de entendimento e, como não se formaram outros exemplos que bem poderiam ajudar-se mutuamente, é por tudo isso que se procura agora apontar o dedo à Senhora Merkel, descarregando desse modo as iras que, naturalmente, alagam os povos que sentem mais na pele os efeitos de uma crise de desemprego e de uma economia que não consegue levantar cabeça.  
O que eu escrevi no blogue de ontem, da imaginação de ouvir a opinião de Fernando Pessoa sobre o nosso caso, pode bem servir para se pensar, com algum realismo, a situação que estamos a viver. E deixemos lá a Senhora Merkel que, apesar de dever ter em mente conquistar uma posição que lhe proporcione a reeleição na próxima luta para a chefia do Governo do seu País, mesmo assim não encontro razão plausível para querer “abater” a Europa comunitária.
Convençam-me lá com razões mínimas, que eu também alinharei na fila de acusação que se tem vindo a formar..

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